segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sonho azul

Um destes dias acordei e, já na rua, percebi que estava a ver tudo azul à minha volta num curtíssimo momento espacial... Por acaso tinha a máquina fotográfica comigo e fui recolhendo muitas das provas de que não estava a alucinar.

Muito do que foi fotografado é algo por que passo diariamente, outras coisas nem por isso. Só sei que tudo que era azul me estava a entrar pelos olhos dentro quase violentamente. Alterei todas as fotografias, algumas para que certas coisas não pudessem ser identificadas.

Veio-me logo à memória a música Sonho Azul da Né Ladeiras que deixo aqui para relembrar, e que dedico ao meu sonho azul...













sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Há lá coisa mais triste que querermos acreditar no que sabemos ser mentira?

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ao acordar

Foto de Bruno Silva.

Uma noite da qual não me lembro dos sonhos origina um dia vazio.

Se isso se deve ao facto de ter acordado violentamente, o vazio do dia adquire cor de neura.

Resta a vontade de mergulhar no nevoeiro, mas até esse se está a dissipar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Aderi à pornografia...

... e ao exibicionismo.Foto de Paulo Almeida (excerto).

Estou prestes a despir-me aqui, publicamente, para quem quiser ver.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cântico Negro

Foto de Nuno Sacramento.

«Vem por aqui» - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: «vem por aqui»!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam os meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: «vem por aqui»?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar maus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes e os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a como um facho a arderna noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: «vem por aqui»!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onde que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí.

José Régio

terça-feira, 9 de setembro de 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Para a Sandra

Foto de Luís Augusto Jungmann

vai ser um belo dia
meu amor vais ver
vai ser tão calmo
vai ser lindo de morrer

e à minha volta tudo vai ter luz
essa luz que é meu desejo ter
e como um truque de uma insólita magia
trazendo o nosso amor de volta à luz do dia
quando eu morrer
meu amor eu fico vivo nos teus gestos e em teu sorriso
por isso nunca deixes de sorrir
pois para o nosso amor viver é só o que é preciso


Manel Cruz, Foge Foge Bandido

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ausência eterna


Foto de Ana Franco.

É estranho como passamos tanto tempo a pensar numa pessoa que mal conhecemos precisamente quando ela deixa de ser...

Homenagem ao Rodrigo

Desenho de da Vinci

Que vontade é essa de voar Que risco é esse de competir
Que nos leva até ao chão Sem sequer pôr a hipótese
Devagar? De não vir?