segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Pó Talco

Cheiras a pó talco!
E esta tua tão simples constatação teve a forma de máquina de teletransporte, numa fracção de segundo vi-me há quase 30 anos atrás. Ou melhor, senti-me lá: senti o cheiro dela quando se vinha deitar a meu lado com as suas longas camisas de noite de flanela, com flores desenhadas (?) – dos desenhos não me lembro bem, provavelmente porque já estava escuro nesse momento em que já só a sentia tão perto a ponto de apenas reter aquele cheiro morno, puro, macio, inocente, acolhedor, confortável. Era o cheiro que ela tinha sempre quando ia dormir. Definitivamente é uma memória repartida pelas caixinhas do olfacto e do tacto.
E hoje deitei-me a teu lado e és tu a verbalizar o que pensei tantas vezes no passado!
É do creme das mãos — respondi a sorrir no instante imediato, sem que te tivesses apercebido da minha longa e distante ausência.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

R=249 G=250 B=251

Estas são as minhas cores preferidas.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A desmistificação do mito

Foto de Miguel Moura.

Tudo em mim sempre evoluiu de forma muito rápida: as relações amorosas que deslizavam qual ski da clareza da neve para o obscuro da floresta; as gripes galopantes que no entanto se curavam a trote; a facilidade em conhecer pessoas e fazer de alguns novos amigos; o entendimento da dor dos que me foram queridos, mais do que gostaria – refiro--me ao entendimento, à compreensão da dor de cada um, de tal forma que muitas vezes a senti; o raciocínio que sempre me impediu de escrever por ser rápido de mais para que a mão o acompanhasse – nada de extraordinário...
E agora isto, surgido há coisa de um ano ou dois. Não percebi o que era das primeiras vezes, só mais tarde me apercebi da sua periodicidade e coincidência com determinada fase da minha vida. Até aqui tudo bem, chateava-me um pouco mas até achei piada por afinal existir efectivamente e não ser um mito urbano!
O problema é que num tão curto espaço temporal o vejo agravar-se, mesmo agigantar-se de forma assustadora. Dá-

-me cabo da cabeça, dá-me cabo dos dias, dá-me cabo da vida que tenho, não só daquela que só a mim pertence mas também da que partilho com os outros.
Se, de cada vez que isto me assombra, continua a intensificar-se a esta velocidade, temo brevemente não responder por mim!

Simpatia (síndrome)
Pela (pré-)
Mortificação (-menstrual)